Bonecas de
milho cozinhavam mato nas panelinhas de barro, sobre o fogão de tijolo e
gravetos.
As casinhas
de taquara tinham poço de lata de cera.
As vaquinhas
de chuchu pastavam, faceiras, ao lado de besouros e minhocas.
As galinhas
ciscavam receios naquelas manhãs geladas de julho.
Do tanque, vinham
o acalanto da torneira e o batuque da roupa na pedra.
Gatinhos
brotavam de noite e eternizavam nossas manhãs.
Eu colhia a
hortelã crescida ao lado da cerca e livrara as cebolinhas do picão.
Só tinha
medo do pé de figo. Mais do que dos espinhos do limoeiro.
A escada de
cimento protegia meus segredos de menina.
No porão, a balança antiga, o chão de limo verde, as penas pairando e os passos de
botina.
Tantos tropeços
nas colunas caídas, restos do que um dia também tinha sido casa.
Banana frita com farinha, nos lanches das
tardes recortadas por tios e primos.
Histórias germinavam
junto ao formigueiro.
– Não passa
do portão, menina!
Nunca. O
mundo já estava todo ali.
Cíntia Nascimento
Foto: Freepik
Traz à tona antigas e boas lembranças da infância. Parabéns pela sensibilidade!
ResponderExcluirObrigada, Lucas! Muito bom receber um comentário seu!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir"O mundo já estava todo ali". Verdade! Fui transportada com essa leitura deliciosa...
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