Eu tinha três anos e me lembro.
Também me lembro do cachorro do vizinho – que com a pata nos dava um bom-dia no caminho da padaria –, das bananas doces da casa de frutas e do maracujá azedo que cortou meu dedo com a faca.
Na madrugada, ele cantarolava Romeu e Julieta para apagar minha bronquite e acendia o quarto com histórias de esperanças.
Meu pai escreveu meu nome com giz branco no quadro-negro e criou um círculo.
De fora ficaram tristezas e medos. Dentro, só o amor.
Cintia Nascimento