Olhou-se no
espelho
mas não viu
o que gostaria.
Aquele ser tão
frágil e pequeno
quem é que
seria?
Encarou
seus olhos bem fundo,
indagou uma
resposta sincera.
Porém o
reflexo inerte, confuso,
também não
sabia quem era.
Muito
estranha aquela figura
que do
oposto o observava.
Mostrava-se
divergente dele,
o único e
soberano que reinava.
Ele escalava
perigosas montanhas,
encenava caçadas
noite adentro.
Posava de dono,
senhor do castelo,
e do mundo
era sozinho o centro.
Aquela
imagem franzina,
trivial e
indiferente,
óbvio que
não seria ele.
Não, nem
mesmo um parente.
Então convicto
deixou o espelho
e consigo
fez um trato.
Para sempre
seria o mesmo:
um humilde
e perfeito gato.
Cíntia Nascimento
